Incentivadas por organizações de mulheres, grupos globais de saúde e pesquisas que indicam a receptividade dos homens, agências federais nos EUA vêm financiando novas pesquisas.
Alguns métodos serão apresentados em uma conferência marcada para outubro, sob o patrocínio da Fundação Bill e Melinda Gates.
A abordagem mais estudada nos EUA usa os hormônios testosterona e progesterona, que "mandam" o corpo parar de produzir espermatozoides.
Mas esse método não funciona para todos os homens e causa efeitos colaterais, como o aumento de colesterol.
Outra possibilidade é a pílula gamendazole, derivada de uma droga anticâncer, que interrompe o amadurecimento dos espermatozoides, afirma Gregory S. Kopf, vice-reitor no Centro Médico da Universidade do Kansas.
O centro iniciou discussões com a FDA (agência reguladora de remédios e alimentos no EUA) sobre a droga, já testada em ratos e macacos.
O cientista John K. Amory, da Universidade de Washington, estuda uma droga desenvolvida para infecções por vermes que causa infertilidade. Ele descobriu que a substância bloqueia a produção do ácido retinoico, importante para fabricar o esperma.
Mas a droga atua de forma semelhante a um medicamento usado contra o alcoolismo, de modo que, quando alguém bebe enquanto a está tomando, sente-se mal.
Amory está trabalhando para torná-la compatível com álcool. "O engraçado é que, não fosse pelo álcool, ninguém precisaria de anticoncepcionais", brinca.
Elaine Lissner, diretora do Projeto de Informação sobre Contracepção Masculina, criou uma fundação para desenvolver outras abordagens.
Uma delas envolve a injeção de gel no escroto para desativar os espermatozoides. Outra prevê aquecer os testículos brevemente com um ultrassom, o que pode sustar a produção de espermatozoides por meses.
"A cada seis meses, você levaria seu carro para trocar o óleo e, enquanto isso, iria para o consultório fazer um ultrassom", disse Lissner.
CONFIANÇA
É claro que as mulheres teriam que confiar que seu parceiro estivesse usando uma pílula, como os homens precisam confiar nelas hoje.
Um dos métodos -implantes hormonais- deixa visível um volume no bíceps do homem. "Eles gostam porque podem se exibir; é a prova de que estão usando um anticoncepcional", diz Amory.
As empresas farmacêuticas ainda não apostaram em nenhum dos métodos, à espera de algo eficaz e seguro.
Os hormônios -em implantes, injeções, géis ou comprimidos-, embora não sejam a melhor solução, podem ser aprovados primeiro.
Hoje, 5% dos homens não reagem a eles. O motivo não é conhecido. Os hormônios ainda podem causar efeitos adversos sobre o coração, a pele, o humor e o colesterol.
Michael Lehmann, paisagista de 39 anos de Seattle, conta que sofreu efeitos colaterais mínimos com implantes e géis. Ele teve acne e pensamentos sexuais frequentes.
Steve Owens, 39, assistente social, não gostou do gel de testosterona que passou no braço. Sua mulher e filha não puderam encostar nele durante horas, para não serem expostas ao hormônio.
Já os implantes sob a pele foram aprovados. "Se eu fosse solteiro, poderia ter usado isso para chamar alguém para sair comigo."
Fonte-uol
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